
Mais um dia. Foi assim que tentei enxergar o último dia do ano quando acordei, mas meus pensamentos me levaram numa viagem à 365 dias atrás.
Me lembro bem, estava sentada na área comum de um hostel em Colônia de Sacramento, uma cidade linda do Uruguai, muito parecida com Paraty. Entre uma Patrícia gelada e uma apresentação de Candombê, eu escrevia mais um texto neste espaço, eram palavras sobre saudade, que naquele momento era algo com começo, meio e fim.
Um ano depois, me encontro mais uma vez longe do meu país, das minhas pessoas e as vezes um pouco longe de mim, mas dessa vez a saudade tem outro sabor, cereja, é esse o sabor da vez, aliás o final de ano, para mim, tem gosto de cereja, pois acho que ninguém espera mais pela época dessas frutinhas tão pequeninas e tão maravilhosas do que eu.
Mas as cerejas além de gostosas tem um significado maior na minha vida, pois o fato de vê-las à mesa me lembrava do tamanho do esforço que aquelas pessoas tinham feito para me proporcionar aquele momento. Lembro do final de 2010, o primeiro Natal que passei junto com meu pai e minha mãe, acho que foi o mais especial de todos os tempos, sem grandes presentes e festas, mas com eles, meus maiores amores. Naquele 24 de dezembro, quando adentrei a sala do apartamento de São Vicente, vi os sorrisos e escutei "Andressa, olha o que a vovó comprou pra você", eram elas, as cerejas. Nos anos anteriores era ele quem comprava, mas como não existia mais memória sobre as frutinhas vermelhas, minha vó que fez as honras.
Hoje preparo a minha primeira ceia de Ano Novo pensando em tudo o que vivi, nas cerejas, nas velas acesas na praia, nas noites de jogatina, nas sete ondas e nos fogos de Santos, sabendo que mesmo depois de passar por momentos maravilhosos, neste ano surgem novas tradições, de uma forma simples, mas com o passar do tempo elas serão tão importantes quanto tudo o que meus avós me ensinaram.
Por mais que o amanhã seja igual à hoje, eu seguirei feliz em busca das minhas tradições.
Feliz Ano Novo!!!