domingo, 21 de novembro de 2010

MEMÓRIA OLFATIVA...


Pela primeira vez senti de fato que ano está acabando, que estamos no meio do mês de novembro. Durante um passeio com o Bob, andei pelos jardins da praia e tive uma lembrança ativada pelo cheiro. Sei que sou muito estranha, mas sinto isso sempre, consigo lembrar das pessoas pelo cheiro, não estou falando apenas de perfume, mas de cheiro mesmo, pois acho que todos tem um cheiro próprio, como se fosse um registro que ganhamos ao nascer.
Mas, voltando às minhas memórias, num dado momento da caminhada uma brisa movimentou as árvores e liberou uma essência que só sinto no verão e que me remete às férias de verão, quando passavas os dias no prédio em que meu tio tinha apartamento.
O condomínio tinha um espaço imenso em que brincava-mos desde de esconde-esconde até jogos de tabuleiro. A turma era imensa, mas não me lembro os nomes, porém todos me marcaram de uma forma única. Lembro das tardes nas quais minha tia fazia um monte de coisas gostosas para comer e depois descia-mos correndo para brincar muito ou das brincadeiras no parquinho que era protegido por árvores, o cheiro da praia me lembrou esse parque. Aquele lugar parecia ter uma magia que fazia com que nossos dias fossem diferentes, maravilhosos, acordava ansiosa e pedia pra minha vó me levar lá. Mas que saudades daquele lugar.
Depois de tantos anos descobri que meu nariz tem memória, que ele é muito importante para as minhas lembranças, as vezes naqueles dias mais sem graça um cheiro ativa meu olfato de tal forma que faz com que meu corpo reaja, me sinto em uma máquina do tempo, onde consigo viver a minha infância em qualquer lugar, à qualquer momento, é como se eu lesse um capítulo do livro da minha vida, só para refrescar a memória sobre como foi linda a minha história até aqui.
Por isso aceitei viver plenamente, pois a gente só vive bem quando aceita as alegrias da vida, por mais que tudo esteja do avesso sempre terei o cheiro do parquinho para me lembrar de que tudo ficará bem.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

UMA CORDINHA...


Acordamos cedo, pois marcamos com um guia local uma visita às cachoeiras, cavernas e grutas dos arredores. A melhor parte de todas as manhãs que ficamos lá era o café da manhã, queijo minas, pão quentinho, suco de laranja natural, um bolo de coco delicioso e uma troca de olhares engraçados. Entre risadas e sussurros terminamos o café e fomos ao encontro do guia.
Tudo naquela viagem foi fora do padrão já vivido por nós, as conversas, os programas e as pessoas. Uma dessas pessoas era o menino que nos guiou durante a nossa "aventura" matinal. Quem poderia imaginar que conheceríamos lugares como aqueles com a ajuda de um adolescente que tinha um sotaque mineiro bem carregado, coisa que normalmente eu adoro ouvir, só reafirma a minha vontade de desbravar Minas Gerais.
Entremos em uma gruta com várias saídas, em outra que as paredes brilhavam e que tinha um cheiro leve que me lembram as músicas que escuto quando preciso relaxar em meio a multidão. Após visitar Sobradinho ("vila" próxima à cidade onde estávamos) fomos em direção à última parada de nosso passeio, a Cachoeira da Lua, local onde vários hippies vendiam os seus "trampinhos" (era assim que ele chamava os trabalhos feitos pelos hippies), mas também onde encontramos um visual magnífico e a água mais fria que já senti em toda a minha vida.
Muitos devem estar se perguntando onde quero chegar com essa história, mas devemos praticar a paciência, pois quem espera sempre sempre se cansa. (momento bobo)
No momento em voltamos para a estrada onde estava estacionado o carro paramos para olhar os famosos "trampinhos". A proposta era comprar dois pedaços de corda que amarraria-mos em nossos tornozelos. Naquele momento eu me senti estranha, nunca comprei coisas do tipo, não depois de achar que entrei na fase adulta, pois certos acessórios só me permiti usar enquanto era considerada uma adolescente, afinal ser jovem é ter liberdade poética para usar o que quiser, quando quiser e onde quiser, mas depois que todos nos olham como adultos, algumas coisas são "proibidas".
Voltamos para o carro, demos carona para um hippie ruivo, fotógrafo e cantor, que embalou a nossa volta com suas músicas sobre a cidade, sobre boiadas e um modo livre de ver as coisas, que vivia ali há 18 anos. Chegamos à cidade, vivemos mais algumas histórias e voltamos para a realidade de nossa cidade.
Alguns meses se passaram desde aquele dia, tudo mudou em nossas vidas, mas aquela cordinha continua amarrada em meu tornozelo. Sinto que é uma forma de relembrar daquele sentimento, daqueles momentos.
Mesmo vivendo tão intensamente a vida, as vezes uma simples cordinha pode segurar o maior dos sentimentos: a amizade.

AMAdurecer...


Após tanto tempo sem passar por aqui, dias sem nenhuma inspiração e muitos pensamentos transbordando de minha mente resolvi expor minhas "sábias" palavras neste espaço.
Esse feriado foi um tanto quanto diferente para mim. Pude presenciar o amadurecimento de muitas pessoas ao mesmo tempo, principalmente o meu. Vi uma de minhas primas e minha amiga de infância darem um passo muito importante em suas vidas: o casamento.
Antes que alguém ache que isso é comentário de menininha e que penso que as mulheres foram feitas para casar, não se enganem com os estereótipos impostos pela sociedade. A reunião de dois corpos e duas mentes que se entendem e por isso se amam é algo muito maior, porém resolvemos limitá-la à um título que não deixa claro a grandeza do fato.
Presenciei algo que um amigo vem tentando me mostrar há algum tempo, a cumplicidade que pode existir entre duas pessoas. Então na sexta feira comecei a amadurecer, primeiro psicologicamente, pois vi que as relações entre as pessoas não está baseada somente em dois seres, mas em muitos. Depois amadureci meu coração, percebi que algumas situações do passado devem ser deixadas para trás, elas impedem nosso caminhar, nos deixa estagnados, estacionados. Nessa noite entendi que alguns sentimentos, por mais que a vida os tenha adormecido , nunca morrem e que a qualquer momento eles surgem de uma maneira simples, num momento que achamos bobo, mas que a nossa presença faz a total diferença.
Depois de uma noite de sono mais do que merecida, voltei a analisar a vida, nunca paro de pensar e quando arrumo um assunto como esse, é como se ocorresse um vazamento na válvula de meus pensamentos que eu não consigo concertar.
No domingo ainda estava com essa hemorragia de pensamentos, por isso resisti a ideia de me jogar em outra experiência radical, mas lembrei que para manter viva uma amizade se faz necessário um sacrifício de vez em quando. Me troquei e segui meu rumo para recomeçar o amadurecer.
Ao chegar, me deparei com figuras maravilhosas da minha infância, pessoas que me construíram com suas ideias e palavras, senti que me arrependeria de não comparecer no evento. Alguns minutos mais tarde a vi entrar, seu sorriso e seu olhar me trouxeram um momento de nostalgia, uma lembrança boa dos nossos momentos de adolescência. Mais uma etapa cumprida: aceitei o fim da juventude adolescente, me vi uma jovem adulta.
Depois de tantos momentos de mudança, sinto que aceitei a ideia de que vivemos uma eterna transformação, porém ela pode ser difícil se abraçarmos a dificuldade, afinal a vida gosta de quem gosta dela.