sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O DESCOBRIMENTO DA SAUDADE...


Após tanto tempo sem escrever, tive um momento de inspiração de Ano Novo. Estou viajando pela Argentina e pelo Uruguai e descobri um mundo totalmente diferente, com pessoas únicas, mas o mais interessante foi a descoberta da real saudade.
Durante os primeiros dias não me apeguei ao sentimento, precisava sentir tudo o que Buenos Aires me passava, o que cada prédio tinha visto, estava em busca da renovação das energias perdidas ao longo do ano. Mas após algum tempo me dei conta de como o humor matinal da minha mãe me faz falta, ou como ouvir minha vó dizer "que Deus te acompanhe" quando saio de casa é tão importante.
Esses dias tão longe de casa me ensinaram a conviver com pessoas de todos os tipos, mas uma delas me marcou mais que as outras. Seu nome, Harel, um rapaz falante, que conhece o português melhor do que muito brasileiro.
Durante uma de nossas conversas, o questionei sobre a saudade, a resposta que obtive foi maravilhosa, "carrego ela comigo todos os dias, não sei onde estarei amanhã, a única certeza que tenho é o dia que voltarei para minha casa", naquele momento me senti pequena perante a grandeza daquele menino ruivo cheio de histórias.
Acho que cresci, a cada momento em que pude conviver com pessoas como ele, neste momento penso na Janis Joplim, que disse em uma música que eu não lembro o nome que por mais que a noite chegue, os dias nunca acabam, nós podemos colocar limitações para ele, mas ele renasce sempre, espero que a manhã seja melhor.










Último post do ano, que segundo a Janis, nunca se acaba, afinal ao acordar estarei igual. Acho que neste momento devo ,ao menos, agradecer à todos pela paciência, pelo amor e pelos ensinamentos desses dias. Agradeço aos meus alunos, aos meus colegas de trabalho que se transformaram em amigos para a vida toda, à minha família, mas em especial ao melhor companheiro de viagem que eu poderia ter, Arthur.
Feliz Ano Novo por mais que nada mude, tenho certeza que a manhã será de sol.
Obrigada.

domingo, 21 de novembro de 2010

MEMÓRIA OLFATIVA...


Pela primeira vez senti de fato que ano está acabando, que estamos no meio do mês de novembro. Durante um passeio com o Bob, andei pelos jardins da praia e tive uma lembrança ativada pelo cheiro. Sei que sou muito estranha, mas sinto isso sempre, consigo lembrar das pessoas pelo cheiro, não estou falando apenas de perfume, mas de cheiro mesmo, pois acho que todos tem um cheiro próprio, como se fosse um registro que ganhamos ao nascer.
Mas, voltando às minhas memórias, num dado momento da caminhada uma brisa movimentou as árvores e liberou uma essência que só sinto no verão e que me remete às férias de verão, quando passavas os dias no prédio em que meu tio tinha apartamento.
O condomínio tinha um espaço imenso em que brincava-mos desde de esconde-esconde até jogos de tabuleiro. A turma era imensa, mas não me lembro os nomes, porém todos me marcaram de uma forma única. Lembro das tardes nas quais minha tia fazia um monte de coisas gostosas para comer e depois descia-mos correndo para brincar muito ou das brincadeiras no parquinho que era protegido por árvores, o cheiro da praia me lembrou esse parque. Aquele lugar parecia ter uma magia que fazia com que nossos dias fossem diferentes, maravilhosos, acordava ansiosa e pedia pra minha vó me levar lá. Mas que saudades daquele lugar.
Depois de tantos anos descobri que meu nariz tem memória, que ele é muito importante para as minhas lembranças, as vezes naqueles dias mais sem graça um cheiro ativa meu olfato de tal forma que faz com que meu corpo reaja, me sinto em uma máquina do tempo, onde consigo viver a minha infância em qualquer lugar, à qualquer momento, é como se eu lesse um capítulo do livro da minha vida, só para refrescar a memória sobre como foi linda a minha história até aqui.
Por isso aceitei viver plenamente, pois a gente só vive bem quando aceita as alegrias da vida, por mais que tudo esteja do avesso sempre terei o cheiro do parquinho para me lembrar de que tudo ficará bem.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

UMA CORDINHA...


Acordamos cedo, pois marcamos com um guia local uma visita às cachoeiras, cavernas e grutas dos arredores. A melhor parte de todas as manhãs que ficamos lá era o café da manhã, queijo minas, pão quentinho, suco de laranja natural, um bolo de coco delicioso e uma troca de olhares engraçados. Entre risadas e sussurros terminamos o café e fomos ao encontro do guia.
Tudo naquela viagem foi fora do padrão já vivido por nós, as conversas, os programas e as pessoas. Uma dessas pessoas era o menino que nos guiou durante a nossa "aventura" matinal. Quem poderia imaginar que conheceríamos lugares como aqueles com a ajuda de um adolescente que tinha um sotaque mineiro bem carregado, coisa que normalmente eu adoro ouvir, só reafirma a minha vontade de desbravar Minas Gerais.
Entremos em uma gruta com várias saídas, em outra que as paredes brilhavam e que tinha um cheiro leve que me lembram as músicas que escuto quando preciso relaxar em meio a multidão. Após visitar Sobradinho ("vila" próxima à cidade onde estávamos) fomos em direção à última parada de nosso passeio, a Cachoeira da Lua, local onde vários hippies vendiam os seus "trampinhos" (era assim que ele chamava os trabalhos feitos pelos hippies), mas também onde encontramos um visual magnífico e a água mais fria que já senti em toda a minha vida.
Muitos devem estar se perguntando onde quero chegar com essa história, mas devemos praticar a paciência, pois quem espera sempre sempre se cansa. (momento bobo)
No momento em voltamos para a estrada onde estava estacionado o carro paramos para olhar os famosos "trampinhos". A proposta era comprar dois pedaços de corda que amarraria-mos em nossos tornozelos. Naquele momento eu me senti estranha, nunca comprei coisas do tipo, não depois de achar que entrei na fase adulta, pois certos acessórios só me permiti usar enquanto era considerada uma adolescente, afinal ser jovem é ter liberdade poética para usar o que quiser, quando quiser e onde quiser, mas depois que todos nos olham como adultos, algumas coisas são "proibidas".
Voltamos para o carro, demos carona para um hippie ruivo, fotógrafo e cantor, que embalou a nossa volta com suas músicas sobre a cidade, sobre boiadas e um modo livre de ver as coisas, que vivia ali há 18 anos. Chegamos à cidade, vivemos mais algumas histórias e voltamos para a realidade de nossa cidade.
Alguns meses se passaram desde aquele dia, tudo mudou em nossas vidas, mas aquela cordinha continua amarrada em meu tornozelo. Sinto que é uma forma de relembrar daquele sentimento, daqueles momentos.
Mesmo vivendo tão intensamente a vida, as vezes uma simples cordinha pode segurar o maior dos sentimentos: a amizade.

AMAdurecer...


Após tanto tempo sem passar por aqui, dias sem nenhuma inspiração e muitos pensamentos transbordando de minha mente resolvi expor minhas "sábias" palavras neste espaço.
Esse feriado foi um tanto quanto diferente para mim. Pude presenciar o amadurecimento de muitas pessoas ao mesmo tempo, principalmente o meu. Vi uma de minhas primas e minha amiga de infância darem um passo muito importante em suas vidas: o casamento.
Antes que alguém ache que isso é comentário de menininha e que penso que as mulheres foram feitas para casar, não se enganem com os estereótipos impostos pela sociedade. A reunião de dois corpos e duas mentes que se entendem e por isso se amam é algo muito maior, porém resolvemos limitá-la à um título que não deixa claro a grandeza do fato.
Presenciei algo que um amigo vem tentando me mostrar há algum tempo, a cumplicidade que pode existir entre duas pessoas. Então na sexta feira comecei a amadurecer, primeiro psicologicamente, pois vi que as relações entre as pessoas não está baseada somente em dois seres, mas em muitos. Depois amadureci meu coração, percebi que algumas situações do passado devem ser deixadas para trás, elas impedem nosso caminhar, nos deixa estagnados, estacionados. Nessa noite entendi que alguns sentimentos, por mais que a vida os tenha adormecido , nunca morrem e que a qualquer momento eles surgem de uma maneira simples, num momento que achamos bobo, mas que a nossa presença faz a total diferença.
Depois de uma noite de sono mais do que merecida, voltei a analisar a vida, nunca paro de pensar e quando arrumo um assunto como esse, é como se ocorresse um vazamento na válvula de meus pensamentos que eu não consigo concertar.
No domingo ainda estava com essa hemorragia de pensamentos, por isso resisti a ideia de me jogar em outra experiência radical, mas lembrei que para manter viva uma amizade se faz necessário um sacrifício de vez em quando. Me troquei e segui meu rumo para recomeçar o amadurecer.
Ao chegar, me deparei com figuras maravilhosas da minha infância, pessoas que me construíram com suas ideias e palavras, senti que me arrependeria de não comparecer no evento. Alguns minutos mais tarde a vi entrar, seu sorriso e seu olhar me trouxeram um momento de nostalgia, uma lembrança boa dos nossos momentos de adolescência. Mais uma etapa cumprida: aceitei o fim da juventude adolescente, me vi uma jovem adulta.
Depois de tantos momentos de mudança, sinto que aceitei a ideia de que vivemos uma eterna transformação, porém ela pode ser difícil se abraçarmos a dificuldade, afinal a vida gosta de quem gosta dela.

sábado, 2 de outubro de 2010

SABOR (AZEDO) ADOCICADO DA SAUDADE...

1993, foi esse o ano em que me senti assim pela primeira vez, anestesiada, mas ainda sentindo dor. Mesmo depois de tantos anos ainda tenho a sensação de que vou entrar na cozinha e encontrá-la sentada na cadeira da cabeceira da mesa, me esperando para sentar em seu colo e mexer em suas rugas. Mas que saudades da vó Molinha!
Após a ida da vó Pascoa (Molinha) desejei nunca mais sentir uma dor como aquela, mas os anos se passaram e a chegada iminente de uma nova perda pairava em meu coração. Porém, diferente de quando eu tinha 7 anos, hoje percebo que mesmo com tristeza, posso encarar a morte com outros olhos. A saudade que sinto no momento e a tristeza da perda são balanceadas com a certeza de que ela foi em paz, de que findou seu sofrimento.
Hoje o mundo perdeu o brilho, um pouco do encanto da minha infância, do sabor único do feijão fresquinho e da couve mineira.
Sei que nossas vidas ganharão um vazio em alguns momentos, afinal nosso cérebro criará uma expectativa de que tudo não passou de um sonho ruim, de que a qualquer momento ela irá adentrar a sala dizendo "Miiro, vem comer", "Mas que linda, a Ni comeu tudo" ou "Filha fiz essa comida pensando em você, disse pra vó ' sei que a Andressa vem pra cá, então fiz aquela berinjela que ela adora', como a vontade viu!". É, ainda sinto o cheiro da cozinha quando nos reúniamos no Natal, lembro das conversas que embalavam os jogos de Tombola até altas horas, aquela risada que enchia o nossos ouvidos como se fosse música.
Por isso, hoje, venho por meio deste dizer até logo para uma certa mulher de olhos serenos da cor do céu da manhã e cabelos cintilantes como a luz do luar.
Digo até logo, pois não me permito dizer adeus à ela que é parte insubistituivel do que sou. Sei que quando menos esperar poderei reencontrá-la e esclarecer o motivo da minha ausência.
A lembrança funciona de uma forma engraçada, tem um gosto azedo adocicado do doce de abacaxi da minha vó, estranha o paladar, mas é delicioso.

"Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
(...)
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
(...)
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam... "
(...)
Pablo Neruda

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

AMOR, LOUCO AMOR...

Sabe aquele amor que traz aquela sensação de borboletas no estômago? Que nos faz passar o dia pensando nos olhares, nos carinhos? Aquele sentimento que faz o ar abandonar os pulmões de tanta saudade? Eu estou vivendo esse amor.
Há mais ou menos um ano passando pelo Gonzaga nossos olhares se cruzaram, naquele momento senti algo estranho. Meu coração bateu cadenciado, minhas mãos suaram de ansiedade, meus olhos não conseguiam se mover. Era ele.
No instante seguinte não entendi direito o que tinha acontecido, afinal, loiro dos cabelos lisos e extremamente carente?! Isso nunca combinou comigo.
Depois daquele sábado, voltei mais algumas vezes para encontrá-lo novamente. Certo dia, não aguentei mais e resolvi chegar mais perto. Descobri que ele senti o mesmo, nos abraçamos e voltamos juntos para casa. Sei que pode parecer rápido demais, mas moramos juntos desde o primeiro dia, sentia que tinha que protegê-lo.
As primeiras noites foram difíceis, pois ele não estranhou a cama, mas depois tudo fluiu, nos adaptamos ao espaço, nos moldamos um ao outro.
A cada dia que estávamos juntos nos tornávamos um ser só, adivinhando os momentos que o outro estava triste, sentindo a felicidade dos encontros no final da noite e o desespero do abandono matinal necessário.
Hoje me sinto completa, encontrei o meu louco amor.
É, pra quem nunca viveu isso, saiba que é maravilhoso, mesmo com as brigas, durante os momentos difíceis, aquele ser sempre está ao seu lado, te amando, te admirando e deixando claro apenas com o olhar que você é ÚNICO.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SENSAÇÕES ADOLESCENTES...


Depois de um bom tempo e de algumas cobranças hoje tive um estalo, uma vontade absurda de escrever aqui.
Nesse final de semana passei por um momento único, reencontrei a minha turma do colégio. Foi maravilhoso, mas esse encontro me fez pensar em algumas coisas há muito paradas dentro de mim e como minha lembranças me perseguem, preciso exteriorizar tudo, antes que me consuma.
Sou muito ligada as pessoas da minha vida, mesmo àquelas que não me agradam muito, afinal não somos feitos só de amores. No momento em que me deparei com a possibilidade de rever todos aqueles personagens da minha história senti um pouco de medo (na realidade muito), pois todos temos alguns assuntos pendentes, sei que são assuntos de um passado adolescente, mas quem disse que a vida adulta começa aos 18 anos mentiu, sempre terei um quê aborrecente (como diria a minha vó) dentro de mim.
Ao adentrar o bar onde tínhamos combinado vi todos aqueles rostos familiares e consegui identificar cada um, cada sorriso e expressão, aquelas que enchiam as minhas manhãs com aquela emoção que só quem já se formou sabe do que estou falando, pois na época era um sentimento péssimo, uma vontade de mandar o mundo às favas.
A cada um que chegava era uma memória diferente que surgia, uma sensação familiar, um furacão de sentimentos, lembranças das discussões, dos amores, das amizades e das inimizades.
Ficamos horas conversando, contando nossas histórias adultas, as conquistas, as perdas. Alguns levaram os namorados, outros levaram os noivos (nossa, noivos, olha que loucura, aqueles que viviam relacionamentos no banquinho da praia em frente ao Mc Donalds vão se casar) e contavam sobre seus futuros lares, seus planos. O assunto fluiu, brindamos o momento, brinde que no passado seria feito com Coca Cola, agora era feito com uma bebida de gente grande, as risadas encheram o lugar com uma energia incrível, cantamos o hino que embalava todas os grandes eventos escolares, lembramos dos que não estavam presentes, vivemos cada segundo. Por alguns instantes nos permitimos voltar ao passado, que para alguns é assustador e para outros é reconfortante e no final da noite, na hora das despedidas, um a um fomos deixando o espaço e adormecendo as memórias. Os olhares esclareciam o que não era colocado em palavras:
"Foi bom enquanto durou, mas não somos mais adolescentes, até mais!!"



segunda-feira, 30 de agosto de 2010

INDEPENDÊNCIA OU MORTE ...


Como professora de História, falo muito do 7 de setembro, dia em que o Brasil se tornou independente, mas sempre agregando um valor intelectual ao evento. Porém esqueço o quanto esta data tem um valor sentimental para mim, na realidade não esqueço, acho que é por isso que falo com tanta vontade, por ter um estalo de nostalgia.
Sabe aquele dia que, mesmo depois de muito anos, não abandona a memória? Para mim, esse dia é sete de setembro de 1996, um sábado.
Um sábado de sol, é foi esse o dia, meu primeiro desfile de 7 de setembro. Fiquei encantada com todas aquelas crianças marchando no ritmo da fanfarra.
Parece que foi ontem. Era meu primeiro final de semana morando em Santos. Minha mãe e minha tia Bel resolveram fazer um passeio até a avenida da praia, comigo e com a Amandinha, que nem tinha completado um ano.
Minha mãe, como sempre, muito preocupada nos besuntou de protetor solar. Morávamos na r. General Rondon, num prédio marrom, (foi neste prédio que aprendi muitas coisas, mas essa já é uma outra história) à uma quadra da praia. Minha tia colocou a Amanda no carrinho e fomos, as quatro, em direção à praia.
O sol estava forte, mas a temperatura era perfeita para o passeio. O calçadão estava cheio de pessoas que queriam assistir o desfile, outras que queriam apenas caminhar e outras, como eu, que estavam descobrindo um mundo novo, cheio de cores e sons. Era menina com bastão aqui, menino fardado ali, muito militares, acho que neste momento comecei a estruturar a minha opinião política a partir do que ouvi minha tia e minha mãe conversando com uma senhora quase da idade da minha vó, mas esse é um assunto que não me permito falar (rs). Todos os instrumentos num ritmo único, uma batida gostosa. Não era bem uma melodia, mas era a balada que enchia o ar com a graça e a delicadeza dos movimentos das crianças que representavam suas escolas.
Mas o momento que marcou esse dia não foi bem o desfile. Quando tudo se acalmou, o movimento da praia estava se transformando, resolvemos (minha tia e minha mãe resolveram, afinal eu só era uma criança) caminhar na calçada da praia. Essa caminhada foi única, pois foi assim que comecei a descobrir a cidade. Andamos até o canal 3 e nos demos conta da distância. Por alguns instantes nos desesperamos, mas como toda família de pessoas gordinhas que se preze, fomos tomar um sorvete com o pouco dinheiro que minha tia tinha no bolso, afinal para que levar mais se só íamos até a praia perto de casa.
Andamos mais um pouco e adentramos a Ana Costa, que tinha um visual muito diferente do atual, eu, particularmente, achava mais charmosa. Tomamos um sorvete do Mc Donalds e depois voltamos para casa, onde minha vó já estava quase chamando a polícia por causa do nosso desaparecimento
Neste momento você deve estar se perguntando sobre onde está a magia da coisa. Bom, eu te digo. A magia do momento está na grandiosidade dessa memória em minha vida. Lembro de cada segundo daquele dia. Fecho os olhos e consigo sentir o cheiro da praia e escutar as pessoas passando ao meu lado. Sinto minha mãe pegar na minha mão, de vez em quando, enquanto conversava com a minha tia sobre assuntos que eu não tinha a menor ideia do que se tratava, mas fazia cara de entendida. Lembro de brincar com a Amandinha e ela sorrir de uma maneira única, com uma boca com poucos dentes.
A lembrança é mágica. Pode parecer uma bobagem para alguns, mas pode ser o refugio de outros.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

SOU CONTADORA DE HISTÓRIAS...



Ao olhar o vidro da sala de aula vi seu sorriso meio maroto, abriu a porta e disse com todo carinho:

- Você sabia que ontem foi o Dia do Historiador? Parabéns!

Saiu com o mesmo sorriso que entrou, poucas palavras, mas sempre as necessárias em uma manhã de sexta-feira.
Aquele momento me fez pensar sobre o quanto gosto de ser contadora de histórias, isso mesmo que você leu, nem professora e nem historiadora, mas contadora de histórias.
Pode parecer estranho o modo como me coloquei, mas o título de professor é muito pesado, passa uma sensação de autoridade que eu não sou muito fã e o título de historiadora só uso para mim, nos momentos que quero me sentir grande, imponente, naqueles momentos que tenho vontade de sair correndo da escola, nestes momentos uso ele para massagear meu ego.
Ser contadora de histórias é suave, leve, me sinto flutuar em sala quando começo a falar (coisa que gosto pouco de fazer). Cada palavra que sai da minha boca é como se as imagens se materializassem na minha frente.
Tudo é pura magia, encarnar as personagens, pensar que mesmo os piores ditadores tinham as maiores mentes, visualizar as batalhas, sentir o cheiro úmido dos castelos, entender os amores amáveis e os amores políticos, sempre com a mesma paixão.
Cada aula, uma nova descoberta, um novo interesse, aquele brilho de curiosidade no olhar. Finalmente o ápice de ser contadora: no final do dia eles entendem, questionam, debatem, xingam as atitudes que não aceitam dentro da compreensão social de nossa época e sorriem, como sorriem.
Sorrisos de "ótima historia", sorrisos de " agora eu entendo o porque de certas coisas" ou o melhor dos sorrisos, aquele que diz "obrigada por me explicar o que ninguém nunca explicou".
Não estou dizendo que sou a melhor contadora que já existiu, mas posso afirmar com todas as letras de que sou uma das mais felizes, mesmo com as dificuldades que encontro no dia-a-dia, amo o que faço, sinto um prazer único.
Nesta manhã me senti grande, brilhante e declarei que dia 20 de agosto é o dia do Contador de História!!
Então, me desejo parabéns pelo meu dia!!!!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

COMPARAÇÕES INCOMPARÁVEIS...


Acho que todos conhecem aquela música que diz assim " minha dor é perceber/que apesar de termos/feito tudo o que fizemos/ainda somos os mesmos/e vivemos/ainda somos os mesmos/e vivemos/ como nossos pais". Vendo umas fotos que tirei no final de semana pensei muito nessa música e nos meus maiores medos, entre eles ser parecida com meus pais.
Nunca gostei de comparações do tipo, "nossa, mas como ela está parecida com a mãe" ou "é a cara do pai", afinal, eu sou eu, não quero ser parecida com alguém, quero ser única.
Sempre fui muito critica, sempre questionei os posicionamento dos meus pais perante a vida, só que viver de criticas é muito fácil. Questionar sem aceitar questionamentos é mais fácil ainda.
Sei que parece crueldade, mas quem nunca teve medo de cometer os mesmo erros que os pais que me atire a primeira pedra. Sou um ser humano, dotada de dúvidas, erros e medos. Porém, sou dotada também de momentos de clareza pessoal.
Em um desses momentos de clareza pensei no tamanho do peso de ser um modelo, afinal os pais são modelos, não importando se vamos segui-los ou não. Eu, como professora, deveria saber bem disso, sou modelo também, formo opiniões, por mais que em alguns momentos essas opiniões sejam adversas.
Depois de muito refletir percebi que não tem como fugir do destino, sou produto dos meus pais, sou o que eles são, claro que de uma forma diferenciada, mas sou isso.
Sou uma mistura muito interessante de Cleber e Aninha, sou diversão e mal humor, prepotência e humildade, carência e auto-suficiência, sou tudo e nada, sou eles e sou eu, mas sou algo único.
Então se sou única por ser um produto da soma deles, não tenho o que temer, posso sentir orgulho de ouvir coisas do tipo "sua voz é igual a da sua mãe", afinal nada me acalma mais (em alguns momentos, é claro) do que ouvir minha mãe falando besteiras do outro lado da linha, ou " você é muito parecida com seu pai, olha, o rosto é igualzinho", devo agradecer, pois quantas pessoas não tem uma referência de visual de que vai envelhecer bem.
Acho que consegui substituir alguns pensamentos amargos por lembranças doces, suaves. Ao invés de ter medo, fico feliz por ser produto de pessoas tão diferentes em todos os sentidos, afinal ser único é aceitar que o outro constrói a nossa unidade.
Bom, vou parar por aqui, afinal acho que cheguei no meu limite de pensamentos sem sentido e sem parágrafos.

domingo, 8 de agosto de 2010

NOSTALGIA DOCE...


Sempre ouço as pessoas me chamarem de nostálgica, dizem que vivo de passado, que me apego ao que já passou, mas fazendo uma análise simples do que vivo, acho que as lembranças que me mantém viva.
A perda da memória é algo com o qual eu não sei lidar, consigo lembrar até das coisas que as pessoas me falaram há anos atrás.
As lembranças são suaves e fazem bem. Lembro do cheiro que sentia quando chegava da escola, a casa estava tomada pelo perfume de batatas coradas e feijão fresco, nossa me senti feliz, pois aquele cheiro maravilhoso embalava as conversas mais gostosas com meus avós durante o almoço, era muito bom, lembro também do cheiro do café-com-leite que minha vó preparava, eu acordava mais cedo para tomar café da manhã com meu avô e escutar os programas do rádio, não entendia nada, mas me sentia adulta por escutar aquilo, a música que tocava naquela época é a mesma até hoje, algo do tipo "Vambora, vambora, tá hora, vambora, vambora", adorava essa músiquinha.
Essas memórias são mágicas, é como se eu pudesse assistir as temporadas da minha vida quando me desse vontade.
Posso fechar os olhos e lembrar dos sábados de faxina com a minha mãe em que escutava-mos uma rádio onde só tocava samba e pagode, eu ajudava (parece mentira, eu sei) limpando as portas e varrendo os tapetes, em muitos momentos a minha mãe parava o que estava fazendo e me tirava para dançar, nossa, era demais. Quando estava frio, depois da limpeza, nós duas íamos até a locadora perto de casa, minha mãe me deixava escolher um desenho e ela pegava um filme , na maioria das vezes era ação, saíamos de lá e para completar, ela comprava um monte de coisas gostosas para a gente comer durante o filme, embaixo das cobertas com a casa cheirando a limpeza, ai que saudades daquele tempo.
Quanto mais escrevo, mais me convenço de que aqueles que só pensam no futuro ou que me chamam de museu, pois vivo de passado, nunca sentiram o sabor doce da lembrança. As lembranças são a nossa certeza de que vivemos da melhor forma, que não deixamos passar nada.
Eu sei que vivi plenamente até agora, que errei o que tinha que errar, que amei o necessário, que sorri muito e que chorei além dos meus olhos, sei que presenciei retornos alegres e despedidas tristes, mas sei principalmente que aprendi bastante com as minhas memórias e que sou o que lembro, pois sou amor, lágrimas, cheiro de café-com-leite e faxina.
E você, já sentiu o sabor doce da nostalgia?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

PAPILAS EDUCATIVAS...



Sabe aqueles dias que te fazem pensar sobre tudo? Hoje foi um desses dias pra mim. Pensei sobre tanta coisa, mas o momento que mais me acrescentou foi voltando pra casa, depois de um dia corrido e cheio de informações, palavras, rostos e sentimentos. Lembrei das conversas que tive com meus alunos e tentei compreender qual o gosto de dar aulas. Concluí que o sabor das aulas é como algodão doce. Isso não quer dizer que é bom, mas também não quer dizer que é ruim. Sei que parece estranho, mas as sensações que tenho quando como um algodão doce são as mesmas que tenho em sala de aula.
O primeiro pedaço e sempre maravilhoso, leve, me sinto comendo um pedacinho de nuvem. O segundo vem para lembrar como o primeiro foi delicioso. Quando chega a metade, o prazer ainda é grande, o paladar é único e maravilhoso, mas a boca começa a ficar estranha, pedindo um pouco de água, mas mesmo assim eu continuo comendo, afinal adoro algodão doce. Porém, quando chega no final, a sensação é péssima, parece que dói, a boca fica estranha, os dentes estão sensíveis e o estômago reclama, mas caso me ofereçam no dia seguinte, eu aceito com a vontade de quem ficou muito tempo sem provar aquilo.
É assim que me sinto dando aulas, o sabor de cada manhã é impossível descrever, os comentários dos alunos, mesmo aquelas palavras sem sentido que alguns soltam me fazem bem, me completam. Tem momentos que gostaria de abrir mão de tudo, penso " mas que dia cansativo", mas no segundo seguinte me lembro de algo engraçado ou do olhar curioso dessas figuras com quem convivo todos os dias.
É, ser professor é isso, passar a vida saboreando cada momento, mesmo os azedos me divertem, afinal quem chupa limão faz careta e incentiva o outro a sorrir.



"De que o mel é doce é coisa que eu me nego a afirmar, mas que parece doce eu afirmo plenamente"
Raul Seixas

domingo, 1 de agosto de 2010

SERÁ A MORTE O FIM DE TUDO?


Ontem, mais uma vez me deparei com a estranheza da perda. Ela adentrou meu quarto, ascendeu a luz e disse: ele morreu, eu tenho certeza, olha o que escreveram. É assim que a morte chega, sem avisar, sem explicar o motivo.
Quando eu era pequena achava que morrer era algo complicado, não percebia tanto a morte, tinha a mesma opinião que a minha priminha, "mamãe, como ele morreu se não era velho?", mas com o passar do tempo a morte se torna algo mais rotineiro, atingiu o nível da normalidade.
Só que a minha maior dúvida é por que não conseguimos lidar com algo considerado tão simples, que acontece todos os dias?
Perder alguém nos causa um vazio inenarráel, é como se a mente parasse por um tempo, dependendo do tamanho da dor, indeterminado. Mas mesmo sabendo que dói, que machuca, tem pessoas que ainda tem a falta de sensibilidade de dizer "Você é forte, supera isso fácil!". Mas se eu não quiser superar? E se eu precisar sofrer muito? Quem sabe de fato o que eu preciso? Quem sabe o tamanho do meu sentimento pelo outro? Afinal se tem algo que não se contabiliza, esse algo é sentimento.
Nos últimos anos perdi muitas pessoas, cada uma com um nível de participação em minha vida, algumas eu aceitei a partida, mas tem aquelas que não me saem do pensamento diariamente, pois não consigo pensar em certos momentos sem elas.
Sei que parece meio mórbido falar sobre a morte, mas pensem bem, a morte está no ranking das maiores loucuras do homem. As pessoas ganham dinheiro com a morte, ou seja, ganham dinheiro com o sofrimento e a tristeza do outro, acho isso mais mórbido do que apenas falar sobre. Eu sou uma pessoa que nunca me senti muito confortável com o assunto, na realidade ainda não me sinto.
Neste momento muitos devem se perguntar o motivo dessa postagem, afinal, que pessoa fala de algo que a machuca tanto?
Um certo alguém sempre pede a minha sinceridade, mas hoje acordei sentindo que não tenho sido sincera comigo, estou com medo e não aceito, me sinto meio perdida com a proximidade da perda iminente da força da minha vida, do meu ar. Tento todos os dias acreditar que não é verdade ou que mesmo quando a matéria se for, nós teremos um ao outro num outro plano, mas essa só é uma medida paliativa para aliviar a minha mente.
A nova conquista da minha vida, expor meus medos para o mundo, sem pensar no que o mundo acha de tudo isso. Além disso, perceber que a morte está relacionada ao medo que está totalmente ligado às reações rudes que tenho com as pessoas que amo. Se mantiver todos um pouco afastados, será que dói menos?
Só para constar, a morte pra mim, tem sabor daquele doce árabe Halawi, em um primeiro momento parece que comi areia (a primeira sensação que a perda nos causa), depois a sensação gordurosa faz com que a boca fique pegajosa (os pensamentos bagunçados indo de encontro um com o outro), por alguns instantes o sabor doce é único (memórias de momentos bons, mas que dura pouco pois a tristeza se sobrepõe), mas no final o doce desce pela garganta meio estranho (a não aceitação do fato) e o resto do dia me lembro dele (a busca incansável pelo motivo).
Bom, vou parar por aqui, senão isso vira consulta com o psicólogo e eu não quero sair da posição de ouvinte/leitora para ouvida/lida.

domingo, 25 de julho de 2010

SENTIMENTOS SEDIMENTARES...




Eu nunca fui uma pessoa muito interessada em pedras e rochas, essas coisas que a gente aprende nas aulas de Geografia, mas nessa semana vi que as pedras tem uma outra função. Tive uma aula sobre rochas sedimentares em uma pequena cidade no interior de Minas Gerais, uma aula prática nos morros da cidade. Observando as camadas das rochas, pensei no tempo que ela tinha levado para ser formada e como era fácil tirar pedaços dela. Mas como algo que levou anos para se estruturar pode se desfazer ao toque de nossos dedos?
Passei os dias pensando na fragilidade do lugar, mas como os finais de tarde e as noites de lua eram encantadoras não pensei muito mais além das rochas, além do que eu podia ver.
Na viagem de volta acabei pegando no sono (quem me conhece sabe que eu não faço isso, rs) e tive um sonho, sonhei com aquela cidade que eu deixava com um pesar no coração, mas no meu sonho aquelas rochas, aqueles morros eram diferentes, onde antes tinhas apenas pedras eu via sentimentos, não me pergunte como isso é possível, pois nem eu sei explicar. Quando estava quase entendendo o que via acordei meio assustada no meio do transito de São Paulo. Não pensei mais no sonho, cheguei em casa, desfiz a mala, guardei minhas coisas e sai com a minha familia. Contei sobre a viagem, falei das belezas do lugar e das pessoas, sobre as experiências que tive e de como tudo tinha me encantado, mas algo ainda não estava claro, não conseguia parar de pensar no que as rochas queriam me dizer. Sei que parece besteira, mas acho que aquele lugar é cheio de mistérios em virtude das formações rochosas que envolvem a cidade.Hoje, ao acordar entendi aquele sonho maluco. Quando encontramos pessoas em nosso caminho construímos uma série de sentimentos, da mesma forma que as rochas sedimentares, em camadas. Essas camadas vão se unindo e dando forma ao que sentimos pelo outro, porém ao leve toque de nossos dedos tudo pode se desfazer.
Durante a viagem eu acrescentei camadas aos meus sentimentos, porém muitas partes de mim viraram areia.
Após observar tantos finais de tarde lindos, grutas maravilhosas e pessoas interessantes, me apeguei de fato às pedras do lugar, aquele cheiro seco que eu só senti lá. Acho que preciso de uma aula de como manter inteiros os sentimentos sedimentares, mas essas coisas só aquela cidade pode ensinar.

Quem sabe um dia eu volto lá. Você me acompanha?

domingo, 18 de julho de 2010

ERROS...


Sabe aquela sensação de impotência extrema? Aquele momento onde não pensamos no que sai da nossa boa, como se as palavras escorressem sem motivo aparente? É, essa loucura de sabor amargo que eu tinha guardado há tempos dentro de mim resolveu sair, só que dessa vez me mostrou uma realidade diferente.
Quando me decepciono com alguém, sempre penso em como a pessoa foi sacana comigo, nunca pensei que isso acontece pq espero demais dos outros, espero algo que não podem me dar e isso acontece com todos que estão na minha vida, família, amigos e até alunos.
O erro real habita na minha mente louca que pensa que as pessoas devem se preocupar para não me machucar. Mas pesando bem, eu que me machuco, eu que acho que o outro é obrigado a ter uma preocupação ímpar comigo.
Esses sentimentos loucos que se misturam é que deixam a minha visão turva, que não me permitem ver o outro em sua total clareza. Acho que algumas situações me dão a chance de mudar, de impor limitações para que eu sobreviva a mais uma tempestade.
Hoje tenho a certeza de que quem construiu a minha decepção foi eu mesma, por esperar demais e viver de menos, hoje sei que devo me preservar e não esperar mais do outro.
Hoje sei que devo exigir novas conquistas, novos sentimentos e muita confiança, mas devo exigir tudo isso de mim, somente de mim.

São Thomé das Letras, aí vou eu!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

LOUCAS RELAÇÕES...


Sempre que me pedem algo que tenha que usar a criatividade eu digo "Preciso dormir e amanhã te conto as ideias que tive", sei que é estranho, mas sou isso. O mesmo acontece quando quero escrever, é só deitar que meu cérebro funciona, como já disse, acho que tenho hiperatividade cerebral, mas não é essa a questão. Depois de uma noite de sono conturbada, acordei pensando na minha relação com as pessoas, minhas relações de amizade, familiares e amorosas. Percebi que conquistar alguém é fácil, mas manter esse alguém ao seu lado é uma tarefa árdua, não sei como agradar sempre, se é que devemos agradar sempre.
É isso, essa é a minha grande dúvida, quem eu devo agradar mais, quem eu amo ou eu mesma? Pois eu amo sem limites, sem ver de fato o que esse amor faz comigo e acabo esquecendo do mais importante, eu. Existe um remédio para isso ou posso colocar na lista das minhas loucuras normais?
O que mais tem me preocupado é a relação que tenho com um certo alguém. Sabe aquela pessoa que entra na nossa vida sem ser convidada, invade nossos pensamentos, se estabelece e decide por si só que não vai mais sair? Essa pessoa é assim. Sei que estava esperando a sua chegada, mas veio como um estrondo, um furacão. Eu estava parada aguardando, afinal nossos caminhos se cruzaram muitas vezes mas nunca de fato nos encontramos, até agora. Essa é a loucura que encanta e que bagunça, esse cheiro de manhã, onde cada dia é uma sensação, um afeto diferente.
Não sei bem porque resolvi escrever isso hoje, acho que preciso exteriorizar meus pensamentos, principalmente os desnecessários.
Se você é essa pessoa (ou essas pessoas, outra duvida que tenho, acho que são várias), saiba que resolvi me estabelecer na sua vida também.

terça-feira, 13 de julho de 2010

PALAVRAS ENLOUQUECEDORAS...


Hoje descobri que a conversa é a maior ferramenta da loucura. As palavras lançadas ao ar pela nossa boca nos fazem olhar o outro de maneira diferente, observando que da imagem mais doce ou mais serena podem surgir palavras escuras, densas. Mas não acho que isso seja culpa do locutor, mas sim das nossas expectativas para com o outro.
Eu sempre espero algo das pessoas, mas nos últimos tempos peco pelo excesso de espera, pela minha ansia de querer do outro algo que ele não pode me proporcionar. Crio uma expectativa em torno das reações que no final da noite se tornam frustrantes. Agora o que me questiono é em que momento algumas conversas passaram a me tocar tanto. Lembro de que num passado não muito distante, somente um homem conseguia me prender e me encantar com suas palavras, palavras que enchiam meus pensamentos e que iluminavam minhas ideias. Eu sei que você está pensando naquele homem dos sonhos, o que na realidade ele é, mas não se engane com a colocação das palavras, pois esse homem é único em minha vida, não ocupa uma posição tão simples. Em minhas lembranças ele me contava histórias e causos sem sentido, mas mesmo assim me fazia pensar.
Hoje suas palavras perderam totalmente o sentido, mas mesmo assim seu olhar ainda cutuca meu lado questionador, porém acabei abrindo espaço para outras palavras, outras conversas e assuntos. Será que esse foi meu erro? Dividir algo tão importante com outras pessoas além dele? Ou será que as palavras que lançadas a mim não são as que eu esperava ouvir?
Sinto que recebo palavras demais, mas sem sentimento, não que eu não goste de ouvi-las, mas algumas me doem. Por isso não vou mais encher seus olhos com palavras sem sentido, paro por aqui...



obs.: à você que questiona sobre o homem citado, saiba que ele é a perfeição, o encanto em pessoa, ele é a minha loucura e a minha razão e que a dor da saudade jamais será curada...

A LOUCURA



O que è a loucura

senão a emoção extravassada!

O sentimento livre,sem dor,sem cura

a razão irracionalizada.

O que è ser louco

Num mundo onde a ambição domina?

Ser louco è pouco.

Assim a vida ensina.

È preciso ser irracional

Para se satisfazer com o que o mundo oferece

O quanto hoje ele te permite de especial

O presente da vida è enlouquecer

Para sobreviver no todo que te enlouquece!

O que è a loucura

senão seu pròprio eu?

Seu corpo a moldura

Da imagem de quem enlouqueceu!

Sou louco porque quero!

Tenho pena de quem não o è.

Me permito este progresso.

De ser humano,ser o que eu quiser.


Poesia de Katya Favero

O SABOR SEM GRAÇA DA SANIDADE...


Acordei estranha hoje, minha mente como sempre trabalhando, mesmo quando eu não quero. Acho que tenho hiperatividade cerebral, será que isso existe? Mas o que me causou essa estranheza matinal foi pensar em que momento as pessoas tiveram a certeza idiota de que são sãs. É muito simples observar que a sanidade é uma utopia, pois todos vivem alguma loucura, algo que ao outro soa estranho.
Tento todos os dias acreditar que sou normal, mas não por mim, mas pela sociedade, afinal quantos pensantes foram considerados pessoas fora de sintonia, quantos passaram anos em manicômios até que alguém percebeu que só eram muito inteligentes? Não que eu seja a inteligência em forma de mulher, mas também não sou uma minhoca. A humanidade exalta a falta de interesse e a alienação dos seres, declarando que é uma atitude normal, aceitando que as crianças que se destacam na escola sejam chamadas de nerds, idiotas.
Mas onde habita a real idiotice? A busca pela sanidade é idiota, pois é uma procura sem propósitos, um caminho sem fim.
Ouvi de uma adolescente que as pessoas não se relacionam de verdade, se uma menina que está na parte considerada mais sã da vida (pois a loucura adolescente é muito bem aceita, afinal é tudo coisa da idade), onde todos são felizes, pois cada segundo vivido é uma relação que começa e uma que termina, e mesmo assim ela aceitou a loucura total da vida, percebeu que somos tão loucos que nos declaramos auto-suficientes.
Acho que é isso fez minha mente alucinar logo cedo,(isso mesmo, alucinar, sou mais uma louca declarada, mais uma que aceitou a realidade), essa atitude que normal que algumas pessoas da minha convivência tem em achar que se bastam ou que o mundo gira em torno do próprio umbigo.
Pessoas acordem, respirem, gritem e busquem o gosto da loucura, pois o sabor da sanidade engana nosso paladar.
Aceitem que somos a loucura e que esse é o estado real, não idealizem a normalidade, pois isso sim é viver fora do mundo.

Mil Beijos de uma louca declarada, mas feliz!!!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

DA SOLIDÃO À LOUCURA



Sempre me questiono sobre solidão. Tenho um medo absurdo de terminar a minha vida sozinha, mas fujo das pessoas. Sinto que estou na linha que divide a solidão da loucura, entre o medo de ficar só e a necessidade de estar só.
Não consigo compreender algumas reações que tenho, quando mais preciso de companhia não aceito a presença de um amigo, mas quando preciso de um momento de reflexão, marco reuniões com pessoas amadas, que por mais que me adorem cutucam feridas antigas, imagens que tento apagar de minha mente. Isso é masoquismo, eu sei, mas não consigo controlar. Vivo a vida às avessas, faço tudo ao contrário.
Até para gostar faço ao contrário, sou a rainha de gostar de quem não gosta de mim, de me apaixonar pelos pensamentos das pessoas, olho a beleza depois, aliás nunca procurei beleza aparente nas pessoas, quero sempre ver o que tem por trás dos olhares.
Vivo uma eterna loucura, uma bagunça de emoções e para melhorar deixo que as pessoas me baguncem ainda mais.
Hoje encontrei um novo gosto para a minha loucura, um gosto não muito legal, hoje sinto minha boca amarga, um gosto que sentia quando meus avós fumavam no carro com a janela fechada.
Acho que preciso de mais um momento de loucura para melhorar o gosto que está enchendo minha boca. Alguém pode me ajudar??

QUAL É O GOSTO DA LOUCURA?


Para mim, todos os sentimentos, sons e até mesmo pessoas tem um gosto. sei que posso parecer maluca, mas façam o teste, fechem os olhos e tentem sentir o gosto do amor, tenho certeza que cada um vai identificar um sabor diferente. Com os sentimentos funciona da mesma forma, uma chuva de gostos, cheiros, cores e textura. Mas tem mesmo tendo essas sensações diariamente, quando se trata de loucura, eu não consigo desenvolver, pois a cada momento louco sinto um turbilhão de sensações diferentes e durante um momento de loucura, resolvi criar esse blogue.
Neste espaço quero registrar o gosto das minhas loucuras, não espero que alguém leia, pois seria muita pretensão de minha parte, mas quem sabe essas palavras que me enlouquecem de uma maneira única e divertida façam diferença para alguém.