
Pela primeira vez senti de fato que ano está acabando, que estamos no meio do mês de novembro. Durante um passeio com o Bob, andei pelos jardins da praia e tive uma lembrança ativada pelo cheiro. Sei que sou muito estranha, mas sinto isso sempre, consigo lembrar das pessoas pelo cheiro, não estou falando apenas de perfume, mas de cheiro mesmo, pois acho que todos tem um cheiro próprio, como se fosse um registro que ganhamos ao nascer.
Mas, voltando às minhas memórias, num dado momento da caminhada uma brisa movimentou as árvores e liberou uma essência que só sinto no verão e que me remete às férias de verão, quando passavas os dias no prédio em que meu tio tinha apartamento.
O condomínio tinha um espaço imenso em que brincava-mos desde de esconde-esconde até jogos de tabuleiro. A turma era imensa, mas não me lembro os nomes, porém todos me marcaram de uma forma única. Lembro das tardes nas quais minha tia fazia um monte de coisas gostosas para comer e depois descia-mos correndo para brincar muito ou das brincadeiras no parquinho que era protegido por árvores, o cheiro da praia me lembrou esse parque. Aquele lugar parecia ter uma magia que fazia com que nossos dias fossem diferentes, maravilhosos, acordava ansiosa e pedia pra minha vó me levar lá. Mas que saudades daquele lugar.
Depois de tantos anos descobri que meu nariz tem memória, que ele é muito importante para as minhas lembranças, as vezes naqueles dias mais sem graça um cheiro ativa meu olfato de tal forma que faz com que meu corpo reaja, me sinto em uma máquina do tempo, onde consigo viver a minha infância em qualquer lugar, à qualquer momento, é como se eu lesse um capítulo do livro da minha vida, só para refrescar a memória sobre como foi linda a minha história até aqui.
Por isso aceitei viver plenamente, pois a gente só vive bem quando aceita as alegrias da vida, por mais que tudo esteja do avesso sempre terei o cheiro do parquinho para me lembrar de que tudo ficará bem.