
Remeto-me à loucura, a base de todos meus escritos e pensamentos desnecessários. Loucura que me leva a pensar, a questionar minha existência.
Ao pensar no que vivi, declaro que fiz tudo pelas loucuras da vida. Mas não pensemos em loucuras nocivas, pensemos nas loucuras da saudade, da curiosidade, nas loucuras que nos fazem enxergar o mundo com outros olhos.
Tenho passado os dias me despedindo de Buenos Aires, dos espaços, das imagens, dos desejos que conquistei aqui, e isso tudo só percebi, pois os devaneios que a saudade que não tem remédio causa me fizeram enxergar as coisas além dos olhos. Enlouqueci. Senti cada fibra de meu corpo se transformar, porém, era como se aguardasse essa mudança por toda minha vida.
Preenchi meus dias de ideias e ideais, respirei a tão amada arte. Me descobri, aceitei o que sou. Encontrei meus reais pudores, descumpri com regras impostas pela criação. Desorganizei o externo e arrumei o interno.
Entro leve na nova vida.
Estive nos lugares desejados, conheci tipos únicos, senti, saboreei cada parte. Olho o que passei com orgulho, tenho história. Mas não quero história para contar aos meus, quero usá-la com o egoísmo que tenho direito, quero assisti-la em minha mente a qualquer momento, sorrir revendo o filme da minha vida.
Mesmo desejando o individual, agradeço à insanidade compartilhada, às risadas, aos vexames, à amizade simples, mas insubstituível.
Vou, mas sigo feliz, realizada no gosto da loucura que encontrei por aqui, um misto de livro velho e mate.