
Sempre ouço as pessoas me chamarem de nostálgica, dizem que vivo de passado, que me apego ao que já passou, mas fazendo uma análise simples do que vivo, acho que as lembranças que me mantém viva.
A perda da memória é algo com o qual eu não sei lidar, consigo lembrar até das coisas que as pessoas me falaram há anos atrás.
As lembranças são suaves e fazem bem. Lembro do cheiro que sentia quando chegava da escola, a casa estava tomada pelo perfume de batatas coradas e feijão fresco, nossa me senti feliz, pois aquele cheiro maravilhoso embalava as conversas mais gostosas com meus avós durante o almoço, era muito bom, lembro também do cheiro do café-com-leite que minha vó preparava, eu acordava mais cedo para tomar café da manhã com meu avô e escutar os programas do rádio, não entendia nada, mas me sentia adulta por escutar aquilo, a música que tocava naquela época é a mesma até hoje, algo do tipo "Vambora, vambora, tá hora, vambora, vambora", adorava essa músiquinha.
Essas memórias são mágicas, é como se eu pudesse assistir as temporadas da minha vida quando me desse vontade.
Posso fechar os olhos e lembrar dos sábados de faxina com a minha mãe em que escutava-mos uma rádio onde só tocava samba e pagode, eu ajudava (parece mentira, eu sei) limpando as portas e varrendo os tapetes, em muitos momentos a minha mãe parava o que estava fazendo e me tirava para dançar, nossa, era demais. Quando estava frio, depois da limpeza, nós duas íamos até a locadora perto de casa, minha mãe me deixava escolher um desenho e ela pegava um filme , na maioria das vezes era ação, saíamos de lá e para completar, ela comprava um monte de coisas gostosas para a gente comer durante o filme, embaixo das cobertas com a casa cheirando a limpeza, ai que saudades daquele tempo.
Quanto mais escrevo, mais me convenço de que aqueles que só pensam no futuro ou que me chamam de museu, pois vivo de passado, nunca sentiram o sabor doce da lembrança. As lembranças são a nossa certeza de que vivemos da melhor forma, que não deixamos passar nada.
Eu sei que vivi plenamente até agora, que errei o que tinha que errar, que amei o necessário, que sorri muito e que chorei além dos meus olhos, sei que presenciei retornos alegres e despedidas tristes, mas sei principalmente que aprendi bastante com as minhas memórias e que sou o que lembro, pois sou amor, lágrimas, cheiro de café-com-leite e faxina.
E você, já sentiu o sabor doce da nostalgia?
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