
Lembro-me da primeira vez que minha vó me viu chorar assistindo um filme, mas essa memória gira em torno de uma série de acontecimentos importantes em minha vida.
Naquele dia descobri um dos filmes mais brilhantes que já assisti, "Tomates Verdes Fritos". O nome me chamou a atenção na propaganda, afinal pensei em como seria um filme com esse nome, mas ao assisti-lo, me encontrei no mundo, senti que queria ser Towanda, a mulher destemida, forte que nasceu em uma família simples mas cheia de grandezas.
Sabe quando se descobre uma vocação que nos assusta? Pois foi assim que descobri a História, o poder dos fatos e como poderia viver daquilo.
No mesmo momento em que quis ser Towanda e amante da História, decidi ser mulher (aos 12 anos, ser mulher tinha outro sentido), decidi que tomaria as rédeas da minha vida.
Sei que muitos se perguntam como uma menina de 12 anos pode pensar nisso, bom, eu pensava.
Pensava no que eu queria da vida e no que ela me daria se eu a tratasse com dignidade, como eu conquistaria o mundo (o meu mundo, sem pretensões descabidas, por favor) e como me faria ser ouvida.
Levantei num repente, fui até a sala e gritei em plenos pulmões "TOWANDAAA", minha vó levou um susto e perguntou se eu estava ficando louca, respondi que só queria ser uma grande mulher, ela riu e disse: "Continue assim, pois você está seguindo o caminho certo, afinal, até a nossa loucura tem que ser clara e forte".
Voltei para o meu quarto, terminei de assistir o filme com o gosto do amadurecimento em minha boca, aquele gostinho de menta, uma sensação fresca, nova.
Pode parecer loucura, mas aquele filme me trouxe mais do que diversão, me trouxe o que chamo hoje de Síndrome de Towanda, ou seja, a necessidade da força, de amar, a simplicidade de se libertar.